terça-feira, 18 de maio de 2010

Europeísmo de 3º Mundo

Certamente pertenço ao grupo de pessoas que acham que, mediante PEC's, Rating's, aumento de impostos e afins, já era tempo de alguém se chegar à frente e falar ao país sobre a realidade do que se passa: do que é que é necessário corrigir, implementar ou cancelar; de um discurso que esclareça concretamente o que é que se está a passar e que explique que o que se está a fazer e, acima de tudo, que diga quais serão os objectivos estratégicos para Portugal.

Mas não... o Presidente da República limita-se a dizer que não interefere em matérias governamentais (deve ter trauma com o Mário Soares) e, quando decide falar ao país, apresenta-se condescendente a falar sore um diploma aprovado por esmagadora maioria na Assembleia e que teve a concordância do Tribunal Constitucional, dizendo que não concorda do ponto de vista pessoal, mas que iria promulgar para não desviar atenções de outras questões essenciais.

Sr. Presidente: e falar dessas coisas essenciais, como a crise e o clivar das diferenças sociais?! Não?! Ah... ok, essas não se impõem na agenda de pré-campanha de captar o eleitorado conservador, onde até o Papa desempenhou um papel interessante, cuja vinda custou dinheiro ao erário público!

Mais provas de que estamos a descambar para um país de 3º Mundo já não são necessárias, quando ninguém vem falar ao país sobre os problemas estruturais e o que se pede é para que se pague e que se tenha paciência, preferencialmente sem grande agitação!

O Sr. Presidente não fala, pois sabe que é um dos primeiros culpados desta crise, o que teve 2 maiorias absolutas seguidas e que não teve coragem de refundar o Estado, de aligeirar o peso das despesas, fazendo exactamente o contrário, permitindo durante 10 anos que entrassem milhares de milhões de euros no nosso país sem qualquer tipo de controle e fiscalização, contribuindo largamente para a fuga ao fisco, compadrios e corrupção. Nele começou a hipoteca de Portugal, basta que se olhe a História dos últimos 30 anos para se perceber quando começou o esbanjamento.

Esta é a altura exacta para se refundar o Estado, para se mudar o sistema todo: regionalizar, descentralizar, criar os círculos uninominais, reduzir drasticamente o número de funcionários públicos, repensarmos a segurança social, termos um sistema fiscal coerente, mexer nas contas das autarquias locais e tornarmos Portugal um país competitivo, com rumo, que se imponha como um Silicon Valley europeu e um destino turístico de excelência, por exemplo.

Mas para isto não vamos lá com políticos, mas sim com técnicos, com pessoas que olhem os dados e apontem soluções concretas, sem pensar que têm de governar para ganhar as próximas eleições, que se traduz em medidas de curto prazo, cujos problemas são escondidos ou atirados para a frente.

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