quarta-feira, 26 de maio de 2010

É preciso que haja consciência!

O país endivida-se a um ritmo galopante. Explicar ao portugueses que se tem que equilibrar a balança comercial, através da redução das importações e aumento das exportações é puro mandarim, até porque o povo adora entrar por uma loja do chinês adentro e arrematar os vastos lotes a 1 €, de qualidade duvidosa, mas de preço incomparável. Tornar o discurso claro é explicar que temos todos que assumir esse esforço de comprar o que é nacional, por mais caro que isso se torne, mas que trará frutos rapidamente, aligeirando as filas dos centros de emprego e todas as despesas do Estado que andamos a sustentar.

O país meteu-se onde se meteu com a colaboração de todos, não se culpem apenas governos ou bancos. A verdade é que os portugueses foram os primeiros a matar a competitividade nacional, colocando na mão de estrangeiros o dinheiro que antes circulava na nossa economia. Não é preciso ser-se muito inteligente para perceber isto, só é preciso ter-se muita lata para dizer que a culpa é do dos políticos, enquanto acorrem que nem formigas para mais uma loja “low price”.

E acho que ainda ninguém se apercebeu deste risco: de estarmos na mão de economias emergentes como a China ou a Índia, onde se trabalha sem condições humanas decentes, matando pelo caminho a indústria nacional e europeia, até chegarmos ao dia em que estas economias se irão equilibrar e possuir uma classe média estável, pronta para absorver quase 100% da sua produção nacional, deixando penduradas as outras economias, já completamente dependentes desta “terciarização” de serviços. E não faltará muito, arriscaria o prazo de uma década.

Os chineses, que até há 3 anos só vendiam aos contentores, hoje adquiriram uma competitividade que lhes permite agrupar mercadorias diversificadas num único contentor, fazendo com que uma mera caixa chegue à mão de um cliente, em Portugal, por exemplo, com custos de transportes baixíssimos. Já para não falar das cotações dos produtos, que são apresentados a preços inverosímeis e que é impossível de ser combatido, em parte porque a competitividade de uma empresa passa em larga escala pela produtividade de cada um dos seus empregados e pela flexibilidade laboral que, neste país, é inexistente.

Se é para caminharmos para uma recessão grave que o façamos, mas com a certeza de que se vão fazer todos os possíveis por reerguer a nossa economia, não para continuarmos a arrastar os problemas indefinidamente.

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