quarta-feira, 23 de junho de 2010

Reformas e objectivos: precisam-se!

Esta crise deveria ser um ponto de partida para um novo Portugal, para um sistema judicial célere, uma justiça fiscal verdadeiramente equilibrada, para uma administração pública central e local livre de compadrios. Uma verdadeira revolução do sistema como o conhecemos actualmente, para que se agilizasse a forma de funcionar de um Portugal de século XXI, mas ainda afundado nas teias burocráticas que não se entendem, em que administração central e local não se entendem e o sistema judicial é só para quem pode, nem sempre para quem efectivamente precisa.

É necessário acabar com os asilos políticos que se foram multiplicando em empresas públicas, administrações de empresas municipais, órgãos regionais obsoletos e por aí afora. É preciso dinamismo, muito para além de um simplex administrativo, passa por educar coerentemente um povo, explicar-lhes que os empregos não podem, nem devem ser para uma vida, que é salutar existir concorrência, que é eficaz as pessoas não se acomodarem às suas vidinhas cinzentas. Alguém que explique que cada vez mais a palavra “multi-tasking” tem que fazer parte do nosso vocabulário comum e que os ordenados deveriam ser baseados em objectivos dinâmicos e criem incentivos reais aos trabalhadores, não esta lenga lenga de que o “ordenado certinho é que é”. Não, não é. Assim ninguém cresce, ninguém aprende, não há evolução. Fórmula tanto pública como privada.

Progressões automáticas? Aumentos concertados por meia-dúzia? Discordo. Cada trabalhador tem o seu valor, e é uma mais-valia para o local de trabalho, deve ter voz, mas deve ter incentivos e sentir-se motivado, coisa que tanto falta a um país alheado e fora da realidade, em que os valores se medem pelo carro que têm (embora não esteja pago) ou pelas marcas que envergam.

O problema de Portugal e aquilo que sempre nos irá separar de uma Alemanha, por exemplo, será a educação, a base fundamental para um país verdadeiramente são e economicamente viável. De que serve termos 1000 ou 1500 advogados a licenciarem-se anualmente quando o que faz falta são técnicos de turismo, que é uma fonte de receitas seguras para o nosso país e o verdadeiro filão por onde nos deveríamos orientar? Onde param as estratégias de futuro, verdadeiro futuro?

Precisamos de um pacto de regime sobre o Portugal que pretendemos daqui a 20 anos, económica, politica e socialmente. A partir daí terá que se definir o modo de se atingir esse fim. Parece simples, mas a vontade política é inexistente. Aplicam-se medidas a prazo de 4 anos, flutuando na dicotomia esquerda-direita, sem que se saiba para que lado realmente estamos a ir, se é que chegamos lá! Não precisamos de um salvador da pátria – para isso temos uma mão-cheia de pretensos candidatos – mas sim de um visionário, alguém com a coragem de um Marquês de Pombal ou de um D. João II, que souberam estruturar um país e estabelecer objectivos concretos a LONGO PRAZO.

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