quinta-feira, 13 de maio de 2010

Geração à Rasca

Ainda me lembro desses idos de 90, primórdio, em que rotularam toda uma geração de “geração rasca”, numa época em que ainda tínhamos Cavaco como 1º Ministro e Manuela Ferreira Leite a fazerem mudanças desastrosas no ensino, que a partir daí só decaiu em qualidade. Houve, admito, atitudes erradas por muitos estudantes, mas houve que pegasse nesse rótulo e o recriasse para um “geração à rasca”. Esta é a verdade e um facto!

Somos a 1ª geração de portugueses a nascer, crescer e viver em absoluta democracia, a conviver com uma economia globalizada, com a Web a crescer connosco, com o estatuto de cidadãos europeus, cruzámos o patamar da idade adulta a ver um país fulgurante, a rasgar a interioridade com auto-estradas, a internacionalizar-se com 1001 iniciativas, acompanhámos o desenvolvimento tecnológico, telemóveis, televisão por cabo, o mundo já ali ao lado.

Fomos a 1ª geração de portugueses a pagar pelo Ensino Superior, a pagar mais pelos créditos imobiliários (o bonificado acabou mesmo à frente do nosso nariz), a ter uma entrada obscura no mundo do trabalho, de mãos dadas com recibos verdes e a pagar mais impostos, sem certezas de futuro.

Somos uma geração que está à rasca, cheia de habilitações a valerem quase nada, e a pagarmos as facturas do passado, de milhões de euros que entraram neste país para o crescimento estrutural da agricultura, pescas e indústria e que se traduziu nos jipes e nas vivendas dos patos-bravos deste país, que se fartaram de fugir a impostos e que, agora, esta “geração rasca” paga e não pia.

Fomos enganados, pois sucessivamente foram-nos hipotecando o futuro, com especulações imobiliárias e económicas de “ligue-agora-receba-já-e-vá-pagando-até-à-morte”, sem que ninguém interviesse, sem que nenhum Governo destes últimos 20 anos perspectivasse um futuro melhor para as gerações vindouras.

Desgraçados dos que se seguem, pois nós ainda conseguimos ter uma educação de “pensantes”, estes jovens que se seguem são os que passaram pela escola para aprenderem a preencher formulários e a quem não é instigado pensamento crítico e nem uma grama de interacção cívica.




Tenho dias em que a minha indignação me transcende!!!

Sem comentários:

Enviar um comentário