quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Olissipo

“Vou a Lisboa e já venho!”

Digo sempre esta frase, invariavelmente, e sempre com um travo agridoce na boca porque ir a Lisboa é uma delícia para todos os meus sentidos e porque em cada regresso trago cada vez mais saudades. Insisto na entrada do Campo Grande e vou por ali abaixo a deslumbrar-me com as avenidas novas, o Saldanha, o Marquês, a imponente Avenida da Liberdade e aquele cais imenso que de repente é o Rossio, polvilhado de cheiro a castanhas assadas e de gentes de todos os cantos do mundo. Arrisco o Chiado e, como sempre, deslumbro-me com os pormenores tantas vezes vistos, mas que ganham prismas sempre novos. Lisboa inspira e começa a respirar livre do metal frio dos carros que nos roubavam a visão das fachadas dos prédios seculares.

E lá ao fundo, sempre pelas nesgas dos edifícios mira-se o azul do Tejo… como é linda Lisboa, como é fantástica esta cidade carregada de estórias em cada uma das esquinas. Sinto-me turista na minha cidade, na cidade que eu mais adoro neste mundo e da qual me aproprio egoisticamente, gravando-a nos instantâneos da minha memória e devorando cada pedaço que espreita.

Sair de Lisboa? Difícil, mas sempre pela Marginal, com o rio a fluir ao mesmo ritmo que eu, ambos com a mesma respiração, com a mesma cumplicidade dos murmúrios dos amantes nunca saciados… Por aí afora, em ritmo cadenciado, Santos, Belém, Algés e lá ao fundo o Bugio, cristalino. É um consolo para a alma desfrutar de Lisboa, de percorrer as ruas e de conhecer os segredos das ruas mais sinuosas e secretas… Saudade é o segundo nome de Lisboa, é só o que me ocorre.


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